Estórias

Depois de anos caminhando até o Centro Educacional a pé, o meu marido e eu compramos o carro do meu pai. Então eu pude ir para o trabalho de carro. Milana (14 anos) percebeu isso. Ela tirou a sua própria conclusão disso: “Você deve estar de dieta há muito tempo para finalmente poder dirigir o seu carro até o Centro de Educação.”

Eu estava a caminho do Centro com a Darlene (13 anos) e a Neiva (10 anos) quando a Darlene disse com orgulho: “Agora só tenho notas boas na escola e estou fazendo as provas sem problemas”. “Ah, eu sei porquê”, respondeu a Neiva, “é porque estás estudando na Delta Cultura agora.” “Claro” a Darlene respondeu, “A escola deveria mandar todas as crianças para a Delta Cultura.”

Eu estava colocando fita adesiva nas fotos quando a Deila (5 anos) aproximou-se e começou a tirar a fita adesiva do rolo. “Não faças isso, Deila, senão não teremos mais fita adesiva quando precisarmos, e também não temos dinheiro para comprar novas.” Deila parou e obviamente pensou um pouco e depois perguntou: “Quem é que compra a fita?” “A Delta Cultura” foi minha resposta lógica. No entanto, não foi tão lógico para a Deila: “A Delta Cultura tem mãos?”

Martin (5 anos) surgiu do nada com esta pergunta: “Porquê Deus nos trouxe ao mundo?” Ariany, também com 5 anos, obviamente não conseguia encontrar sentido nessa pergunta e disse: “Jassica, a cabeça de Martin não está totalmente clara hoje.”

Eu queria motivar o meu filho Rodrigo (10 anos) a fazer certas coisas e tentei explicar para ele assim: “Se o teu quarto está sujo, tu tens que limpar como eu limpo o meu. E se tu vês louça suja, tens que lavá-la, como eu lavo. E tu tens que colocar as tuas roupas dobradas no armário tão bem quanto eu…” Ele não ouviu-me por muito tempo, e respondeu com muita firmeza: “Se queres alguém que faça tudo do jeito que tu fazes, precisas de um robô…”

Eu estudo matemática com a Leonilde (11 anos) quase todos os dias. Um dia ela perguntou-me se eu terminei a escola. Eu disse que sim e perguntei por que ela queria saber. “Porque você explica muito melhor do que os professores da escola. Com você eu sempre percebo tudo, mas com os professores não.” Alguns dias depois, sentei-me com um aluno mais velho a ensinar-lhe matemática. A Leonilde aproximou-se e deu uma espreitadela no que estávamos aprendendo. Então ela disse-me com uma expressão séria: “Zito, você tem que ficar na Delta Cultura até eu terminar a escola, senão eu nunca vou conseguir passar em matemática.”