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Delta Cultura

Estórias

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História contada pela Jassica (Educadora; treinadora)

É transmitida às crianças, de forma indireta com situações do dia-a-dia, a importância da amizade, da empatia, do cuidar das pessoas e das coisas que gostamos. Quando as crianças brigam ou se agridem entre elas, costumo fomentar a entreajuda e o carinho. Hoje em dia, quando alguma criança chora porque caiu, magoou-se ou foi incomodada por algum colega, imediatamente se assiste a várias crianças a correr para ir ajudar, levantar do chão, dar um abraço e limpar as lágrimas. Houve um dia que a Nediane estava a chorar descontroladamente dentro do Jardim de Infância porque tinha dores de barriga. Depois de se deitar um pouco, aconselhei-a a ir à rua passear e apanhar ar. No mesmo segundo, a Miriam deu-lhe a mão e perguntou-me “Mariana, queres que vá à rua passear com ela?”. Quando voltaram, a Miriam estava notoriamente feliz a contar-me onde foi passear com a Nediane e o que fizeram para ela parar de chorar. Assiste-se também às crianças a darem parte do seu lanche a outras crianças que não têm lanche ou que trazem pouca coisa para comer, inclusive a porem comida na boca uns dos outros, tornando-se uma situação já espontânea e muito bonita de se ver.
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História contada pela Helena (voluntária de Portugal)

Partilhei o meu projeto de voluntariado com um voluntário homossexual. A situação em causa não é ainda bem aceite na Cidade do Tarrafal, o que faz com que não recebam muito bem as diferenças na orientação sexual de alguém. Presenciei várias atitudes discriminatórias ao meu colega por parte de algumas crianças, jovens e adultos. Numa situação em particular, uma criança dirigiu-se a mim e disse-me que o voluntário em questão devia ir embora da Delta porque a Delta não era um sítio para gays, acrescentou ainda que não gostava dele apenas por essa razão, afirmando que ele dançava como as meninas e que os meninos não podem dançar da mesma forma. Juntamente com outra voluntária tentamos explicar que é importante não julgar alguém pelos sentimentos que tem, uma vez que o facto de gostar de meninas ou meninos não altera em nada as qualidades de alguém, sendo que essa opção não define se alguém é boa ou má pessoa. Explicamos também que esta situação deve ser vista como uma coisa normal porque somos todos diferentes e não temos que gostar todos das mesmas coisas. A criança em questão voltou a insistir que ser gay era ser anormal e feio porque há coisas que só as meninas fazem. Novamente, tentamos explicar que gostar de meninos em vez de meninas ou vice-versa não é algo que escolhemos, mas que pode acontecer a qualquer pessoa, dissemos que era algo que podia acontecer com ela e que se deveria colocar no lugar do outro para tentar perceber que não ia gostar que alguém fizesse estes comentários desagradáveis sobre ela. Na altura, ficou pensativa e foi-se embora. Dias mais tarde, no último dia do voluntário na Delta, a criança dirigiu-se a ele e pediu desculpa pelo que disse sobre ele, dando-lhe um enorme abraço de ...
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História contada pelo Gilson (coordenador do programa)

Eu estava na sala de arte com algumas crianças quando ouvi a seguinte conversa entre a Mariolaine (9 anos) e a Sara (10 anos): Mariolaine: “Pff, eu tenho que ir para a escola hoje.” Sara: “Oh, eu gostaria que a Delta fosse a nossa escola.” Mariolaine: “Ah sim! Imagine isso! Nós sempre poderíamos fazer o que gostamos. Ninguém para nos punir por nada. Sara: “Sim, isso seria muito bom.”
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História contada pela Suzete (professora de Informática)

Marcília (14 anos de idade) entra na sala de informática e encontra todos os computadores ocupados por rapazes … ela vê a volta por um curto periodo de tempo e faz uma pergunta que deixa todos surpresos: “Então, e a igualdade de género?”
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História contada pelo Florian (Diretor do Projeto / Treinador)

Eu estava sentada na Sala de Estudos com a Solene (11 anos de idade) e algumas outras raparigas e rapazes. Elas estavam se divertindo , quando a Solene pegou o caderno de um rapaz sentado ao lado dela. Ela olhou para o caderno e comecou a rir e troçar do rapaz: “há há isto é um caderno de menina …” mas então de repente ela pára, põe a mão na boca e aperentemente chocada diz: “oh no, igualdade de género …”
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História contada pelo Gilson (Coordenador dos Programas)

Eu estava na Sala de Artes com a Nelly (6 anos de idade) e outras crianças. Nelly esteve no jardim de Infância nos últimos dois anos e agora vai à escola. Nelly começou a falar Português ao invéz de Criolo como sempre. Foi então que comecei também a falar com ela em português, e ela pergunta-me: “Gilson, aonde aprendeste a falar português?” Eu disse-lhe que eu aprendi simplemesnte falando com as pessoas. “ E tu Nelly?” Porquê que gostas de falar português?” E a Nelly diz: “Eu? Talvés tu gostes de falar Português. Mas eu ADORO falar português.
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